Emburrecimento em massa

Acredite, ele é mais inteligente que muita gente que conheço
Eu sinceramente não sei o que está acontecendo com a população num modo geral. Isso pode até parecer nostálgico, mas na minha época as coisas realmente eram muito diferentes de hoje em dia no que se refere à inteligência das pessoas. Sim, quero dizer mesmo que hoje em dia as pessoas, pelo menos ao meu ver, parecem ser muito mais ineptas que na minha época.
De um modo geral, pode-se colocar parte da culpa no nosso sistema educacional que está longe de ser perfeito e hoje é muito mais permissivo que o sistema educacional da minha época, onde o aluno reprovava uma série inteira por conta de uma matéria. Isso pode parecer bem cruel do ponto de vista de muitos dos pedagogos que se acham pensantes. Mas a rigidez no ensino de antigamente fazia com que o aluno realmente prestasse atenção em toda a matéria ao invés de focar apenas no que ele acha que deve aprender e o resto, bem, o resto ele faz durante a próxima série em forma de um trabalho estúpido qualquer dado por um professor qualquer que tem a unica intenção de se ver livre daquele aluno chato, afinal, o problema não é mais dele e sim do professor que vai ter que lidar com aquela anta na série atual.
É claro que eu poderia terminar o texto aqui e deixar a entender que a culpa é toda dos professores mas isso seria mais uma injustiça cometida com essa classe que já não é nada valorizada no Brasil. Isso mesmo professor, eu bato e assopro depois, a culpa não é só sua. Você tem uma parcela de culpa sim, mas para a sua sorte, há com quem dividir a culpa, já que é isso que você espera mesmo.
Aproveitando que já fiz inimigos, continuarei a enfiar o dedo em feridas alheias.
Os pais hoje em dia são muito mais alheios à vida dos filhos. E quando eu falo que são alheios significa que eles, de certa forma, estão pouco se lixando pro que acontece com a educação do filho. Simplesmente mandam o filho pra escola e os professores que se virem para educar aquela anta que saiu de casa sem sequer aprender como conversar com uma pessoa e o máximo que ele tem de experiência de vida são os pais enchendo a cara de cachaça e ouvido barulho de baixa qualidade no rádio e na televisão. Tem criança que chega à escola no primeiro dia e sequer sabe conversar com o colega de classe, sequer sabe que deve-se respeitar os mais velhos e que, principalmente, não faz idéia do que está fazendo ali.
Boa parte da culpa do emburrecimento da população é dos pais, que criam verdadeiros asnos que não sabem pensar. Criam verdadeiros papagaios que, desde pequenos, se acostumaram apenas a pedir e ganhar, ver qualquer coisa e fazer igual sem ao menos aplicar qualquer critério para saber se aquilo ali deve ou não ser realmente repetido.
Muitos pais não se preocupam em fazer com que seus filhos criem critérios. Não se preocupam em criar em seus filhos uma espécie de filtro onde, mesmo que todo mundo esteja repetindo insistentemente algo inadequado, ele possa analisar e ver que aquilo não é adequado e não aplicar à vida dele.
Isso começa desde cedo, quando uma criança de, por exemplo, 5 anos, começa a rebolar o créu ou qualquer outra dança estúpida e os pais, ao invés de repreenderem e mostrar que aquilo não é adequado, acham bonito e, em uma atitude completamente destrutiva ao critério de um criança, a encoraja a fazer repetidamente para todo mundo que chega e ainda falando “Olha que bonitinho, minha filha sabe rebolar”. Esses mesmos pais são os que reclamam quando aos 13 anos a filha engravida. Oras, como reclamar de uma atitude que foi encorajada desde que ela era pequena, rebolando e se insinuando quando nem ela mesma sabia o que estava fazendo? Não adianta mais, agora ela já formou o seu filtro de critérios e, para ela, vestir roupinhas curtas expondo seu corpo e rebolando para um bando de gente é perfeitamente normal, até porque boa parte da população assim o faz.
Para os meninos a coisa é igual. Como podem achar bonito que uma criança de 5 anos saia enlouquecidamente beijando na boca de suas coleguinhas e mostrando o pinto para elas? Mas os pais acham lindo que um menino faça isso e apóiam essa atitude dizendo “Meu filho é um machão!”. Esse “machão” aí é o que vai crescer querendo beijar todas as meninas e quando elas não quiserem mais ser beijadas, vão pega-las à força e fazer coisas que nem você acredita.
Estou pegando pesado? Pois é… muitas vezes as grandes barbaridades nascem em pequenas coisas que não foram devidamente resolvidas.
Agora você vem e me pergunta: “Mas o que eu devo fazer? Enfiar a porrada numa criança só porque ela está dançando?”
Claro que não, ô imbecil. Uma criança absorve conhecimento o tempo inteiro então é muito melhor pra você e para a criança que você converse com ela e mostre o que ela está fazendo de errado. E isso vale para qualquer atitude que esteja fora do normal, ou seja, fora do nível de compreensão que uma criança tem a respeito do que está fazendo.
Agora é a hora do trabalho conjunto entre pais e professores, mesmo que involuntariamente.
A coisa é mais ou menos assim: O professor passa um dever de casa para o seu aluno. O aluno chega em casa e tenta fazer o dever mas não dá conta. O pai, querendo ser “o camarada”, fala pro filho deixar aquilo de lado e ir brincar ou fazer qualquer outra tarefa, ou até mesmo ir “pesquisar na Internet”. Ok, pesquisar na Internet é bem válido desde que você possa garantir que o seu filho está ali realmente pesquisando sobre o assunto e não conversando no MSN ou Orkut pra depois pegar uma cola qualquer em algum site duvidoso e responder o exercício sem pensar. O grande lance aqui é você ir estudar junto com seu filho. Se você não sabe a matéria (e isso não é vergonha pra ninguém), vá aprender junto com seu filho. Tenho certeza de que juntos vocês conseguirão aprender a matéria, os dois estarão pensando e raciocinando em cima das questões e, na pior das hipóteses, você também aprendeu alguma coisa. Não me venha com a desculpa de que não tem tempo porque pra estudar com seu filho você não tem tempo, mas teve tempo pra assistir a pelo menos duas novelas, o jogo de futebol, algum filme duvidoso ou até mesmo teve tempo pra ir pro bar beber com os amigos.
Por fim, não entregue tudo de mão beijada para o seu filho. Criança geralmente aprende desde cedo como conseguir as coisas com algum tipo de chantagem, gracinha ou da forma mais fácil possível. Seja um pouco mais esperto que uma criança e faça-o ter méritos para ganhar o que eles querem. Se ele quer um vídeo-game novo, faça-o ter boas notas na escola, faça-o ter um bom comportamento ou faça-o pelo menos lavar a louça que ele suja. Assim ele vai começar a dar valor no que tem e, aos poucos, vai perceber que tudo na vida tem um certo valor e que para conseguir qualquer coisa, ele precisa melhorar algo nele mesmo. É assim que se forma a personalidade de uma criança.
Ensine o seu filho a pensar desde cedo, o tempo todo, sempre! Ajude-o a criar critérios (filtros) que o faça saber o que é melhor pra ele e o que ele pode tirar de proveito em cada situação, mesmo que a situação seja negativa.