Politicobol: Querem avacalhar o nosso gramado

Bem vindos ao país do futebol
É sabido desde remotos tempos que brasileiro em geral adora futebol, mas acima de tudo, adora uma disputa. Principalmente se ele próprio não tiver que fazer esforço algum para competir.
Infelizmente o brasileiro médio não liga muito pra coisas como política, serviços púbicos, contas públicas e afins, mas dessa vez há um pequeno detalhe interessante. O brasileiro que nunca foi ligado nessas coisas todas e que por padrão detesta política (o motivo ninguém sabe dizer), de uma hora pra outra entrou numas de que entende disso tudo e, obviamente, achou que em meio à sua própria ignorância, o mais certo seria escolherem times e disputar política como uma boa e velha partida de futebol através de times. Vamos entender então, ou pelo menos tentar… Uma nação inteira passa, de uma hora pra outra, a ser especialista em política e adoram partidos como times do coração. Perfeito, não?
Hoje existe uma rivalidade imensa entre dois times que dividem a total atenção dos torcedores em geral. Assim como no futebol, os outros times não importam muito, são meros coadjuvantes que se aliam aos principais se quiserem ganhar qualquer lasca de simpatia popular.
Não importa se o partido do coração tenha defeitos, o time adversário tem mais defeitos e, obviamente, é sempre o errado da história.
Tal qual uma partida de futebol, o campo é verde e com linhas bem demarcadas e que muitas das vezes não são tão respeitadas assim. Por isso existe um cara neutro no meio da coisa que só é lembrado quando precisamos reclamar uma ou outra vantagem. Ironicamente sua genitora é muito mais lembrada e muito mais aclamada durante as partidas. Acreditem ou não, nessa partida maluca de futebol que virou o Brasil, houve um tempo onde foi criada uma torcida não tão organizada assim defendendo a criação de um time de neutros.
Diferente do futebol de verdade, no novo e esquisitíssimo politicobol, quando o nosso time está ganhando, a glória é dos torcedores. Se o nosso time está perdendo a culpa não é necessariamente dos jogadores do nosso time, mas sim dos jogadores do time adversário que, vejam só, são ruins!
O máximo da insanidade foi conquistado quando, ao invés de culpar todo o time adversário por nossa derrota, resolveram que seria mais fácil ou mais simples culpar o técnico do time adversário! Sim… é de uma loucura tão grande o nosso politicobol que o culpado pela derrota do nosso time é o técnico do time adversário e, obviamente, a solução para o problema das derrotas é trocar o técnico do time adversário ao invés de criar um time forte o suficiente para vencer o jogo. O pior: querem tirar o técnico adversário utilizando-se de uma prática detestada no futebol e adorada no politicobol: utilizando-se do bom e velho tapetão.
O tapetão no politicobol funciona mais ou menos assim: O time prejudicado convoca a torcida inteira e tenta, de todas as formas, convencer os neutros de que o técnico do time adversário não é bom. Só isso. O time adversário não importa muito, o grande lance é tirar o técnico da jogada.
A coisa é tão maluca, tão insana e tão sem propósito definido que em meio aos gritos de “fora técnico!” surgiu um pequeno grupo propondo que o jogo fosse encerrado e que, a partir dali, haveria apenas um único time jogando a partida e esse time deveria ser o dos seguranças do gramado. Alguém em sã consciência consegue pelo menos imaginar um jogo jogado por um único time e sendo que esse time deveria fazer “apenas” a segurança do gramado? A galera despirocou mesmo, não tem mais jeito.
Calma que melhora. Só que não.
Enquanto isso temos um terceiro time. Um time que não faz barulho. Um time que fica caladinho no canto dele e cresce em silêncio alimentando-se de boas quantidades de generosidade dos dois times principais. Esse time parece ter sido mais esperto pois no início da partida, ao invés de tentar disputar a bola, prefere ficar nos bastidores do gramado articulando com os dois times uma forma de permanecerem ali, em lugar de honra sem incomodar ninguém e, em troca, não serem incomodados.
Algo me diz que esse terceiro time está prestes a se levantar e chutar pra fora do gramado os dois times principais da atualidade como se fossem meras pulgas incomodando um velho cachorro que pacientemente aguenta tudo quietinho até que enxerga a oportunidade perfeita para a reviravolta. Obviamente, quando isso acontecer, um outro time será cordialmente convocado para fingirem uma partida devidamente renovada e com novos velhos jogadores em campo.
Por enquanto a partida está assim: Os jogadores dos dois times ganham rios de dinheiro e nós, os torcedores que deveriam ser a parte beneficiada por um bom jogo, somos os verdadeiros prejudicados na história.
Mas isso não importa muito. O que importa é xingar a mãe do neutro e tentar desestabilizar o time adversário.